Para não se achar



Talvez seja só um clichê, mas quem "se acha", o faz porque ainda se procura, ainda não se entende, ainda não se encara com realmente é.

Eu tenho medo de iludir de pessoas, mas de falar a verdade com medo de que elas "se achem"?! Não ligo. Por isso me surpreendo quando elogio alguém em meio aos amigos e ouço "não dá corda", "não dá asas", "vai ficar se achando"...

São apenas elogios que, com sinceridade, estão longe de criar monstros. "Você está linda!", "você dança bem pra porra", "quando eu crescer quero ser talentoso como você" - faz bem a quem diz também.

As pessoas "se acham" mais com ilusões do que com verdades!

O "se achar" já deriva de não ser. Veja bem, quem se acha lindo não acredita na durabilidade da beleza e está o tempo todo financiando a perfeição; quem se acha melhor, vive competindo nem que seja com sua própria cabeça na tentativa de ser superior as falhas que procura; quem se acha rico esconde a apreensão da chegada das contas; quem se acha inteligente perde a sabedoria da continuidade do aprendizado. Quem de fato é, apenas aceita os elogios que vier, se sente reconhecido e segue a vida ué.

Ninguém que se acha feio, por exemplo, vai exaltar os traços ou se expor com orgulho. Mas se achar feio de vez em quando é normal para lembrar-se da humanidade, equilibrar o erro, o dano, a imperfeição... para se entender bonito é preciso haver um contraste.

A recepção de um elogio é outra etapa. Tem gente que aceita e é o melhor que se faz. Mas é o melhor quando você acredita no elogio que recebeu. Porque ao agradecer você deixa as portas abertas pra recepcionar coisas boas, mais e mais. A modéstia é bonita quando você reconhece o que é bom ou faz bem, aceita sem querer perder o posto, mas não se acha superior a outros por isso.

Algumas pessoas negam elogios. "O que é isso?!", "são seus olhos" - pode nem significar uma recusa, mas ser uma demonstração de que, ao invés de gratidão, a pessoa não se sente a vontade com o reconhecimento alheio, porque ela não concorda com qualificação recebida.

Para os problemas de aceitação encontramos superação ao longo do tempo. É aquilo que aos poucos a gente vai reconhecendo como maturidade... quando passa da adolescência e em vez de esconder os defeitos, procuramos forma de solucioná-los. Quando ao invés de se enquadrar num contexto, a gente vai procurar o próprio estilo. Quando assumimos a postura de sermos o primeiro crítico de nós mesmos para diminuir a margem dos que são ofensivamente. E a gente vai pegando mais leve consigo mesmo, dando valor à naturalidade, assumindo o que gosta, se afastando do que já percebe que faz mal.

Eu sempre acreditarei que é melhor surpreender que frustrar. Ter conteúdo com cara de novinha é melhor que aparentar ser mulher e insistir em viver como criança. O importante é ser do bem, porque de perto todo mundo tem problema e pra qualquer adjetivo que venha, falta muito pra ser por completo. Quem espalha verdades não tem apreensão em afetar o ego do outro, e, consegue reconhecer em si mesmo os defeitos, mas também as qualidades.

Laís Sousa

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