Fuga da responsabilidade



Inspiração:



Logo na minha base já aprendia com O Pequeno Príncipe a responsabilidade de cativar. Mas nem todo mundo teve esse privilégio... e eu entendo, tem do desvio genético ao não saber receber amor.

Eu sempre chorava escondido após conversar com uma pessoa que eu gostava, mas que estava me magoando como fluxo natural. Apenas sei que chegaria o meu limite e quando ele chegasse, daria para ela outro espaço. Mas antes disso, um dia eu não contive as lágrimas em sua frente e ela não soube lidar, tratou drasticamente de solucionar da forma que julgou ser o “melhor” para mim: sumir, deixar de falar e responder!

Veja bem, existem vários perfis de pessoas, uns mais sensível outros mais desapegados. Uns fazem valer a diferença entre o sumir e o somar agradecendo pelo livramento do mal, outros simplesmente não conseguem desprezar ódio a quem um dia amou, e assim vai...

As pessoas são diferentes! As pessoas têm seu tempo, sua forma, suas condições. Não adianta ler em passo a passo de revista a melhor forma de como se afastar de alguém e aplicar o método para todo mundo não, porque não vai dar certo... “O melhor”, “o mais fácil” para quem? Deve-se pensar...

Para alguns o tratamento de choque do desaparecer é eficaz, o tempo faz as memórias diminuírem, é verdade. No entanto, eu sou daquelas esperançosas, do tipo de gente que não acredita que uma pessoa sumida deixa de existir, do tipo que reencontra um amigo de infância e vai dedica-lo o carinho das lembranças, daqueles que acreditam que os mortos permanecem vivos até que morra a última pessoa que lhe guarda no coração.

E aí, a decisão tomada sem que minha opinião fosse requisitada, sem respeitar o meu tempo de realocar a pessoa em outra condição sentimental, ainda que tivesse realmente a intenção de não me machucar, acabou tomando o propósito egoísta de não me ver chorar, pela inaptidão de se responsabilizar pelo que se esforçou de forma inconsequente para cativar, mas o processo me fez sofrer ainda mais. Fiquei abandonada em meio a dor, equilibrando o gostar, a falta e o não saber que posto dar a um fantasma que sumiu, mas existe.

Gente, estou contanto isso para rogar por cuidado com o outro. Para que a gente enxergue o outro com suas peculiaridades. Para que não apliquemos fórmulas generalizadas de tratamento. Sei lá, as pessoas estão tão acostumadas em descartar e serem descartadas que é estranho quando alguém “emperra”, dá valor e tenta compreender né?!

Mas existem esses. Existem os que não vão te abandonar, os portos para onde você pode voltar, os que vão te dar a chance de falar, os que vão torcer para escutar o que deve ouvir, os que vão perceber que você está deslocado na multidão, os que vão tentar recuperar antes de abrir mão, os que estarão onde estiverem por você, sem maiores interesses e comodidades, sem pesar suas escolhas erradas e relevando sua imaturidade. 

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Desvaneio

Chega a ser incrível o quão mais humano e perceptivo pode ser um animal. Talvez seja apenas porque ele não pensa como gente, mas sente, sabe que seu dono não é mais um. Não tem pressa para se livrar dos momentos em que o outro não pode dar prazer e conforto. Até um bichinho lembra das coisas que passou e não desacredita que vale a pena estar junto no que virá. 

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