O respeito é prático e o amor é prática!

Ainda que mera expectadora, mas com raciocínio que vem estando similar ao de Felipe Neto em sua melhor versão, meu desejo diante a repercutida confusão que envolveu dois grandes e queridos humoristas brasileiros foi semelhante a de Tirullipa - desejar apenas reconciliação e paz para vê-los juntos. Se para você a briga com Whindersson Nunes foi mais importante que "o casamento de dois homens que parou o Brasil", sinto quebrar o encanto para dizer que aqui vence o amor que envolveu a vida de Carlinhos Maia.

Dia desses eu ouvi um "eu respeito, mas precisa casar?". Eu respondo ou você responde?! Sim, porque ainda é preciso responder até que não haja dúvidas. Vamos lá... quando se trata de casamento é sempre importante lembrar que trata-se de uma questão civil que assegura direitos, não religiosa, se o casal assim não desejar. A cerimônia em si é envolta na tradição de celebrar a união de modo que nenhum padre ou pastor sequer podem colocá-la embaixo do braço e julgar quem pode ou não receber "a bênção de Deus" com base em suas diretrizes.

Para muito além do casamento, é gritante uma problemática: A utilização de "respeito" antes de um "mas" com a crença enraizada sobre "apologia a erro". Pois é, respeito não é uma condicional. Respeito é prático! E erro amigo, veja bem... amor é prática!

Expressões como "eu respeito um gay desde que não se comporte como bicha querendo aparecer" ou "eu respeito a cultura negra, só não acho que candomblé deva ser propagado como religião" não contém 1 grama de respeito, se bem me compreendem ...

Sabe, em seu significado e significância, respeito demonstra um sentimento positivo por uma pessoa ou para uma entidade e também ações especificas e condutas representativas daquela estima. Respeito também pode ser um sentimento específico de consideração pelas características reais do respeitado.

Volto a perguntar: Quanto de respeito existe em condicionais? Vou parafrasear a Flávia Pavanelli quando perguntou ao Kevinho antes da volta de namoro que roubou a cena: "ama e só isso?".

A verdade do respeito está na prática do amor. Você pode não acreditar nas fé afro ou mesmo acreditar que seja um erro a realidade homossexual. Sim, você pode, desde que não deposite suas perspectivas no outro.

Evite alimentar auto-enganação! Não diga que respeita quando não convive ou não gostaria que algum ente querido se assumisse gay. Não diga que não é racista porque tem um amigo negro ou porque tem traços negros se, por ser branco, nunca sofreu preconceito na vida.

Não diga que respeita se acredita que seja uma "exposição" acolher uma causa que não é sua, ainda que envolva direitos que cabem inquestionalmente a todos os seres humanos. Não diga que não tem preconceito quando imagina que todo dread é sujo e fedido. Apenas, se cale se no íntimo você acredita que um gay não precisa casar...

Se alguma escolha ou diferença no outro te incomoda, existe um vestígio a ser trabalhado em você. Seja por religião, falta de conhecimento ou compaixão não se deixe faltar o amor, porque respeito é direito. Simples assim!

Nesta semana o Supremo Tribunal Federal (STF) votou favorável a sentenciar a homofobia equiparada ao racismo. A bandeira do amor não poderia vibrar mais forte, muito mais que um mero beijo simbólico de exibição. Amém!

Laís Sousa