Ganhar ou perder sem engano.

"Não se sinta capaz de enganar
quem não engana a si mesmo!"
(Engenheiros do Hawai)




Sabe, Joseph Climber que me perdoe, mas eu diria que mais que a vida, a vida masculina que é uma caixinha de surpresas. Por mais diversidade de convicções e sentimentos que creio existir, descria na existência de um sentimentalismo que só enxergo em mulheres, adicionado a um teor corajoso em um deles. Ele me assustou, mas na história que irei contar, a verdade é que quem poderá te assustar sou eu. Tente me compreender!

Meu coração relmente pedia mudança e naquele sábado a noite tratei de repensar meu querer. Meu msn, embora conectado em desuso, era o destino dos que vagavam sem ter algo offline para fazer. E alguém me chama atenção, no botão e por qual motivo a criatura estaria solteira e sozinha em casa naquele horário, claro. Nesse momento ainda desejava algo que modificasse minha vida e foi isso que me fez responder aquele alguém que não compunha a lista de "a qualquer hora, por qualquer motivo" e que me recordei ter pedido meu endereço de forma tão insistente. Não era alguém que tivesse convivido além de aulas de auto-escola durante poucas semanas. Era somente mais alguém aparentemente legal, bonitinho, centrado, com muitos pontos em discordância, mas que exatamente por ser incomum teria uma probabilidade de eu me interessar.

Começamos a conversar e ele utilizou uma pergunta do top "nunca comece assim", mas estava afim de relevar, responder que estava em estado civil "me enrolando" e continuar. Foi uma conversa surpreendente, a primeira surpresa foi um pedido depois de uma informação que não me causou a mínima comoção: irei morar em outro estado, mas quero, preciso te ver antes. Na verdade ele queria que sem motivo algum além do querer dele eu saísse no meio das minhas férias retornando para a cidade onde eu estudo, só para vê-lo. Um pedido cômico que eu, como maioria das pessoas, entenderia como uma brincadeira.

Quando respondi a "brincadeira" dizendo que não estava na minha rota de férias me despedir dele, ele afirmou que poderia vir me buscar onde eu estivesse. Ainda me pareceu brincadeira até que a insistência dele me mostrasse que havia um fundo de verdade. Comecei a me perguntar se aquilo era possível, se realmente ele acreditava que havia profundidade naquele raso. Dessa vez eu fui taxativa na negatividade, não, eu não iria e ele não viria me buscar e comecei a dispensar a educação dele em me ensinar a pilotar moto, saber quais meus planos de futuro e interesses súbitos e fofamente carinhosos e preocupados.

 Consegui fazer fluir nele uma necessidade de ser mais convincente, me falou que ao me ver sentiu que eu era "diferente" (no fundo, adoro isso!) e era tudo que ele queria apesar da pouca aproximação. Ele me chamou pra ir embora com ele, morar com a família dele, começar uma vida com ele, procurar alguma coisa pra fazer lá, largar tudo e recomeçar... uma espécie de "se juntar".

Creio que algumas mulheres, poderia me surpreender com a quantidade, fossem se comover com as palavras que ele disse, de forma muito mais romântica do que eu relatei aqui. Mas o máximo que eu consegui foi enxergar insanidade e verbalizar uma bronca. Embora não tenha sido a primeira e insana vez que tenha recebido um pedido de casamento, nem que tenham tentado me enganar com o que chamam de amor, essa foi a vez em que mais estruturei a bronca por ter sido a tentativa mais convincente. E se eu aceitasse? Ele pode achar que me ama, mas e minha vida? Perguntei o quão ingênua ele me achava e mandei que ponderasse o que ele falava se fosse fazer aquilo outra vez com alguém que pudesse acreditar.

Informei que se relacionar é mais que um primeiro impacto e ele teimava que aquilo não podia ser mera atração e que não haveria outra vez. Pasmei porque ele não era tão jovem nem parecia tão ingênuo e irresponsável no pouco contato que tivemos, e que talvez realmente não fosse. Mas eu nem tinha feito nada para causar aquilo... Ele se desculpou por me dar margem de acreditar que ele estava brincando comigo,  o convite tinha surgido porque era o que ele realmente desejava, sério o suficiente para não começar com distância. Ele tinha que se dar a oportunidade de falar comigo, mesmo que aquilo fosse me chocar. Não foi uma idéia de quando ele me viu entrar no msn e sim por que ele teria pouco tempo para parar de sonhar e correr o risco de tornar real...

Eu me assustei e compreendi que ele realmente não queria me enganar e se eu aceitasse a proposta que me pareceu terrível, mas que era o melhor e tudo que ele tinha pra me oferecer, ele realmente estava disposto a se aventurar. Eu permaneci estável e meus pensamentos me mostraram que a minha resposta, por muito menos, poderia ter sido diferente se viesse de outra pessoa. Será? Percebi que engano vem de si mesmo e da nossa vontade de se entregar!

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