Esquivólatra!

"Querida Residente, o tempo que passamos juntos, não importa quanto durou, significou o mundo para mim. Eu adoraria vê de novo, mas infelizmente, não posso. Entenda, sou um fantasma! Só posso me materializar uma vez por década: no aniversário da minha morte. Eu escolhi passar meu único dia entre os vivos com você, querida... Residente.Talvez nos encontremos numa outra década, desde que você mantenha a sua aparência. Até lá, todo o meu amor do Além. Barney"
How I met your mother S2E4.



Em um divã, não muito distante...

DOUTORA: Boa tarde! Diga o que te trás aqui querida...

ELA: Há algum tempo eu venho evitando acreditar no meu problema, mas devido a proporção e gravidade que isso foi tomando resolvi encarar de vez...

DOUTORA: Não tenha medo, estou aqui para ajudá-la!

ELA: Meio que batizei como esquiviatria porque depois de uma temporada meio esquisofrenica onde me relacionava com pessoas invisíveis, me viciei em esquivar de tudo que pareça com elas!

DOUTORA: Quanto tempo significa essa temporada?

ELA: Já conheço por volta de um ônibus público em horário de pico...

DOUTORA: Eu sou a primeira pessoa com quem você fala a respeito?

ELA: Sim! Fortaleci minha vida espiritual e percebi que não era gente morta, algumas amigas fizeram macumba online sem que eu pedisse e nada se manifestou pra mim, passei um tempo descansando a cabeça no interior aí o encosto se comunicava com o meu silêncio... pensei até que eram ETs querendo me abduzir e até hoje espero o transporte que me levasse a algum lugar, alguma resposta, alguma coisa palpável... enfim, vim aqui!

DOUTORA: Continue... descreva melhor as situações de contato com os seres invisíveis que derivou nessa esquivação...

ELA: A maioria das pessoas dizem logo que estou louca, sou besta, exigente e afins... Que fique claro que eu não sou nada disso viu!? Bom, todos os finais de semana eu acreditava na possibilidade de arranjar uma companhia. Me proibia de ficar em casa e por isso adiantava todas as coisas pendentes durante a semana, me vestia bem, me maqueava, penteava e saía, mesmo que sozinha e sem rumo... linda, leve e solta! Aonde quer que chegasse ficava receptiva para conhecer caras legais, que ficassem comigo dias além daquela noite. Alguns se aproximavam, paqueravam, cheguei a ficar com alguns. Que fique claro que eu não bebo álcool nem me drogo em hipótese alguma! Mas depois de todas aquelas noites onde me esforçava para mostrar o melhor de mim... com cara de satisfeitos eles faziam questão de me acompanhar até em casa, levava o número do meu telefone e tudo... E aí começavam meus problemas! 

DOUTORA: Qual problema?

ELA: Eles somem, nem uma puta carta como a do Barney. Já avistei uns bastante parecidos, mas estavam de mãos dadas com outras nas ruas. Cheguei a procurar alguns, vasculho orkut, facebook, twitter, par peifeito até, nada! Retorno ao lugar do primeiro encontro para ver se ele está lá, ou se alguém naquele lugar me dá alguma notícia... Parecia coincidência até notar que TODOS faziam a mesma coisa. Concluí que eu me relacionava com fantasmas: apareciam uma vez e deixavam de existir.

DOUTORA: Mas porque invisíveis? Não seria um comportamento corriqueiro dos homens atuais?

ELA: Exatamente por me recusar a acreditar nisso eu virei "esquivólatra" doutora. Melhor ficar sozinha em casa acreditando que sou louca que me envolver com criaturas dessa espécie. Se por um acaso isso for a confirmação de que a raça masculina está cada vez mais sacana, insisto na espera de um anjo que desça do céu com provas da impossibilidade de danos. Eu quero é que a senhora me interne se me encontrar com um serzinho dessa laia!

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