Amores que afundam.

A idéia era escrever sobre histórias não vividas por algum acaso, mas que residem eternamente na memória. Procurava um jeito legal de descrever minha percepção daquela senhora bonita, bem concervada, acompanhada de uma bela família e aparentemente feliz. Ao falar do passado, seu olhar trazia ausência. Parecia a questão "como seria se" contornada, a partir de lembranças de uma história frustrada, talvez uma batalha perdida pra si mesma, não sei se por imaturidade, inexperiência, pressa de que desse certo...

Alguém entrou aqui no meu cantinho de concentração e deixou que a vozinha tagarela comentasse o filme em 3D, que eu já ansiava em contagem regressiva, mas não sei porque raio me perdi nas contas. (PAUSA NO TEXTO)

Se você é igual a mim e já se perdoou por assistir o filme 7x7, decorando até os centímetros que os dedos luxuriosos da Rose percorreram no vidro do carro embaçado e as notas do "Nearer my god to thee", vai entender que assistir o filme em 3D não é só uma obrigação, como um marco. Para honrar as tardes em que, berrando "My heart will go on", me equilibrava no portão de casa com os braços abertos, segura pelas mãos de Jack gasparzinho imaginário!  Não tente entender e, criticar não vai influenciar. Eu sei o final, mas vou continuar torcendo para que o navio desvie do iceberg e achando que o filme já me salvou de todas as formas que alguém pode ser salvo. (STOP NO TEXTO)

Lá estava eu quase que dublando o script e ainda mais emocionada por sentir como se pudesse tocar tudo que sempre me encantou naquele cenário. Confesso que por poucos segundos senti no meus cabelos o vento que balançava os cabelos da Rose - deve ter sido ar condicionado (risos). 3D realmente aumentam a emoção! A invasão das águas me sufocaram mais. Ver a mãe ninando as filhas para morrer me deu indigestão. Senti a frustração do comandante ao se isolar no carro e a carga de responsabilidade e comprometimento com as vidas daquele que não saiu da cabine. Entrei em colapso nervoso ao ver aquele pai tomando o filho dos braços de Jack e seguindo na direção de risco. As grades me prendiam e senti a sensação de que não sabia nadar, me afogaria a qualquer momento. Senti frio! O cinema nunca esteve tão gélido, cara...

Me suporte a neta de Rose, mas me sinto parte da família. Sou fã da coragem da vovó, da sua modernidades em tempos regressos - e quanta petulância! Sou fã do seu amor e da forma entregue que amou e foi amada. (FIM DE FILME E HORA DE "PLAYAR" NO TEXTO)

Não tenho muito o que falar: a história de amor terminou com o pingente azul sendo lançado ao mar, mas só porque a história de vida da Rose era enterrada alí também...

"Tenha coragem, minha filha. Viva o amor até o fim de seus dias..." - Ouço a vó Rose, que trouxe no coração tantos segredos quanto o oceano, me falar. Não, não acredito nas transcrições de Chico Xavier, mas ela me fala por intermédio de cada senhorzinho que desfila honrosa história feliz de amor, exalando que "a batalha valeu a pena e se não tivesse se jogado, não aprenderia voar", ou mesmo daqueles que como aquela senhora do início do texto, carregam consigo a eterna dúvida, que incentiva a fazer diferente.

Eu sei que a vida se refaz, que segue em frente, que possibilita novas direções. Rose constituiu família e teve netos! Mas as lembranças, elas são enterradas com a gente, tenham sido concretizadas ou não...

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