Prazer em não saber.


 
Tem dias que eu me pergunto se é isso mesmo que eu quero pra toda minha vida. Porque tem dia que estou exausta de escrever. Minha cabeça dói só de pensar em ler. Não quero ouvir a voizinha de algum jornalista ou qualquer coisa do tipo na televisão. Não ligo rádio pra escultar notícias, e sou alérgica às páginas de jornal. Pego revista e fico olhando fotos! Aquela nota na facul não me convence de mim mesma. Meu mundo é tão pequeno, minha realidade escassa, minhas teorias falham...


A área é minha? Eu que sou anti-social e nem gosto tanto de frequentar eventos. Ahh, eu também nunca tive talento pra auto-falente, fofoqueira e afins. Não sou de correr atrás, de ser invasiva, quero que as pessoas se sintam à vontade pra me contar qualquer coisa, e diferencio meus momentos pessoais e profissionais. Não quero parecer jornalistazinha tacanha que só fala de coisas fáceis! Odeio minha voz em microfone, e odeio determinantemente falar em público - travo. Adoro flashs, mas são poucos os que ficam bons quando estou atrás da câmera, e repudio as lembranças do que poderia ter falado - e não falei - para argumentar naquela conversinha boba! Sou desatualizada sobre tanta coisa e de quebra, não sei expressar nem metade do que sinto e penso. Em seguida, repenso, dispenso...

 E aí eu durmo e acordo no meio da noite com a mente turbilhando de ideias pra escrever, de lembranças pra agregar em um pensamento que dá uma página... e aí eu procuro coisas pra ler e parece que está lincada a milhares de outras interessantes, ao menos para passar os olhos e desejar tempo de lê-las, todas. E aí eu passo pela sala e já começo a prestar atenção em qualquer trechinho do jornal que estão assistindo, e a capa de uma revista que não tinha visto ainda me chama atenção no meu caminho até o destino. E eu não me controlo no meio daquela mesa redonda e expresso minha opinião, e rebato a professora expondo timidamente minha causa - alguns concordam?! E aí me pego criando legenda pra fotografias alheias e a minha que foi escolhida pr'aquela reportagem, e ajudando minha colega com problemas em edição.

E aí eu me imagino falando com artistas admiráveis e outros nem tanto - sorrio. Já me dei inclusive um programa pra apresentar - tá: estou ocupando o lugar de alguém. ¬¬' Minha imaginação já está nos bastidores de uma grande emissora ou de um rádio. Já quero mandar a costureira fazer aquele blaizersinho que desenhei. O site e aquela revista que montei o design podem esperar. Estou doida pela prática! E sendo assessora de impresa de alguém? de uma empresa? Afirmo que farei pós em marketing para aterrisar do vôo mental à caminho de casa. Vou fazer intercâmbio e fluir novas línguas. Vou voltar a realidade local: de férias e procurando alguma coisa legal pra ler, pegando um pedacinho de guardanapo para rabiscar uma ideia instantânea.

E eu chego em casa cansada e começo a ler meus textos antigo, e vejo que realmente eu precisava falar, precisava desabafar, aquilo realmente precisava ser criado, imaginado...foi eu quem escreveu? aquilo que alcança tanta gente que pensa da mesma forma... E aquele rascunho? Ahh, ele é lindo, mas ele continua sendo meu, só quero pra mim, muito intimo, e não vou fazer dele igual aquele outro que postei e o povo gostou, ouvi comentários legais, mais sei lá... eu não gostei!

E aí eu me apaixono pelo mundo de opções e talvez por não ter nem ideia de qual será a minha. Eu tenho a certeza de que nunca vou saber se é isso que eu quero pra toda minha vida, tendo a certeza de que é o que faz parte da minha vida.

E eu quero fazer isso hoje, quero me dedicar a isso hoje, quero sentir o poder de ser comunicadora e selecionar assuntos, quero insistir em sentimentalismo do cotidiano e variabilidade das cabecinhas humanas, quando os furos de reportagem apontam violência e problemas. Quero invadir a área da psicologia e discutir qualquer uma que me der na telha. Quero escrever periodicamente sem ter pauta periódica. Quero ser o melhor, correndo o risco de ser boazinha. Porque tem tanta gente boa de verdade no mercado de trabalho né?! Tanta gente com talento nato, com experiência maior e com oportunidades infindas... e tem tanta coisa pra pensar, que eu quero mesmo é ter o prazer de viver o que eu faço, de ser feliz com a parte que me cabe a cada dia de uma vez. E eu quero ter a coragem de descobrir outra coisa que eu goste e que me faça feliz em outro momento, e ter coragem de recomeçar, e me dedicar... e correr atrás de mim, dos meus potenciais, das minhas vontades.

E mesmo em meio a questões, dúvidas, inseguranças... eu saiba que o importante é viver, sonhar, planejar, pôr em prática e se surpreender com o tanto que a gente é capaz. E dúvidas haverão sempre. Sabe quais são as respostas certas que a gente espera? São as escolhas e consequências. É o saber que as vezes a gente erra e em outras vezes a gente acerta, mas tem que escolher um caminho pra seguir. E nem meus pais, nem meu melhor amigo, nem minha psicóloga, meu amigo imaginário, meu cachorro ou meu universo paralelo poderão fazer isso por mim... eu terei que escolher, ser racional e seguir meu coração com toda a razão. A razão existe no que faz bem, nos sentimentos, nas incertezas, no poder de não prever o amanhã. Quero assumir o que eu quero mesmo que esteja ligado a futilidades, a um ser capitalista e mercenário...e se não for o caso, quero acreditar que vale a pena trabalhar por amor, sabe?! Será um motivo para seguir atrás do que me faz bem de alguma forma.

E sabe o que me faz bem? todo mundo tem esses transes também!

Comentários

  1. Texto lindo, Laís!!

    Acho muito bom que você tenha essas indecisões... Desconfie de quem tem muita certeza!

    Acho que o legal é ir sempre descobrindo e vivendo coisas novas e aí juntando com a conhecimento que você já tem do curso. Assim você monta seu currículo que pode ter o diploma de jornalismo, mas não ser apenas jornalismo...

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  2. Wille, são profissionais que vivem com prazer as escolham feitam que nos incentivam a seguir em frente viu?! Brigada pelo acompanhamento... :D

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  3. Filha, incertezas fazem parte da vida e principalmente, desse momento de escolhas que vc vive. Mas saiba que no vasto leque de possibilidades que a vida nos apresenta, não ter certeza absoluta, nos impulsiona a fazer várias escolhas e assim, ter sempre mais uma possibilidade de crescimento.
    A dúvida só é prejudicial se nos imobiliza. No teu tipo de dúvida se descobre a sabedoria que se esconde no aproveitar as muitas oportunidades.
    Deus te guie. Permita-me te parafrasear: "Que Ele seja o teu farol em qualquer barra!"

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  4. Não reduza seus sonhos para caber em sua realidade; expanda sua realidade para comportar cada um deles! Sucesso!

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  5. Esse momento não vai passar nunca não?kkkk. Amém e vamos nessa!

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