Amor, doce amor...



Sentada num cantinho do quarto com um pacote de bolacha de chocolate eu tento entender meu coração. Talvez a ânsia me faça comer as bolachas pra me mostrar que, como elas, devo ter deixado espalhado pelo caminho fragmentos que, realmente não sei onde, nem se vale a pena juntá-los. Eu queria contar as migalhas de cada noite, queria segurar o que vejo escorrer pelos dedos. Pedacinhos de carinho que eu poderia ter agarrado e feito um doce, doce amor que eu questiono se a gente faz...

Muitos "nãos" derrubados e que poderiam ter sido "sins". Seria melhor aceitar primeiro e amar depois? Sei lá! Acho mais bonitinho meu biscoitinho completo, com uma carinha traquina e perfeita, mesmo que apenas imaginando enquanto ele está empacotado lá nas prateleiras, longe do meu alcance...

O amor chega pelo mesmo caminho onde passa a paciência. O que seduz os olhos só conseguimos acompanhar pelo retrovisor, passa lá na contramão. Vale a pena seguir um olhar disperso? Aí eu repenso tudo o que me foi apresentado como amor nos contos de fadas, nas telas de cinema e, já nem sei se me atraio por uma caixa vistosa com um laço gigante acompanhado por um cartão que diz "eu amo você", entregue pelo destino, ou não. Definitivamente eu quero um nó, construído e não entregue, que derrama a cada dia palavras como os pedacinhos de biscoito que se acumulam embaixo da cama, esperando a significância suficiente para somar, formar monte. 

Eu não sei quão difícil vai ser acompanhar um ritmo que vem pintado de perfeição, e antes de tudo o mais, eu quero paciência no lugar de perfeição. Se for assim, valerá a pena terminar o pacotinho doce, se não, a gente refaz o caminho, mas sem mudar a receita!


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