Doses homeopáticas.


Nem sei se o desejo se renova a cada manhã - te tendo ou não ao alcance das minhas mãos -, ou anoitecendo, quando quero calar o mundo para fitar os olhos no teto e ouvir novamente teu suspiro que arrepiava meu pescoço e refletia em todo corpo a garantia de que te queria para sempre.

Dizem que devemos agradecer quando algumas pessoas se afastam de nós por ser a resposta do "Livra-nos de todo mal", mas tenho indigestão quando sinto tua falta no almoço e a qualquer toque de outro corpo que rejeito, porque o desejo volta com velocidade acelerada, incapaz de deixar meu coração seguir em outra trilha.

Encostei no muro de casa e imaginei teu carro estacionado na porta, aquela que soava diferente quando você abria, no muro que queria pixar uma declaração. Nem que fosse inglês e pequenininha, de canetinha colorida como as jujubas que não fui capaz de comê-las todas, só.  Até parece meu amor, meu carinho - pensei -, ainda que intenso nunca degustei completamente. Tomei doses pacientes, cautelosas, homeopáticas, que ainda assim destruiam meu estômago. Talvez fosse restrição ao jogo de conquista sem mais. Essa coisa de amor parece teórica para adultos e prática para crianças cegas de paixão.

Hoje, apesar de nada, as questões sobre nós se resumem na crença de um porvir. Quem sabe ambos bobos, apaixonados e entregues, certos de um dia o para sempre, sem toda aquela lista de insucessos que inibe minhas expectativas...

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