Idas e Vindas

 "Só você passando pelo que eu passei
Pra cair na real que eu sempre te amei.
Te peço que não duvides mais de mim...
E deixa de uma vez eu te fazer feliz!"
(Maria Cecília e Rodolpho)




- Nossa história é complicada.

E isso não era uma novidade pra mim. A vontade de passar a vida com ele era tão grande quanto o medo de não acontecer. Tão simples e ao mesmo tempo tão difícil! Não queria aceitar que ele fosse certo apenas quando chegava, porque minhas memórias não erravam a mira depois que saia...

- Tenho que ir, não sei quando volto...

Tinha que dar mais um tchau a minha felicidade, aqueles sábados a noite salvos e expectativa pros domingos. Todo o meu dengo e a lista de planos, parte frustrados para que dessem lugar a realidades melhores, mas se afastando de mim...

E eu sabia de tudo isso, ainda assim, conseguia perder a noção de realidade por dentro. Não precisava abrir a boca, contava com a boa interpretação dele dos meus olhos, que diziam enquanto exclamavam e interrogavam: "tudo vai dar certo" ?! A dúvida está na parte em que eu não seria suficiente para fazer dar...

Talvez ele até quisesse amortecer minhas dores, mas por não saber o que dizer, pra não me enganar mais que a mim, calava.

- Te gosto!

Mesmo com aquele "mas" que eu via nas profundezas dos seus olhos, me apegava àquele "gosto"... não era um "amo", e Deus e ele sabe a distância disso... mas era um sentimento, e era dedicado a mim. Tapeava a necessidade que eu tinha de dispersar parte daquele sentimento que pesava dentro.

- Se cuida.

Não era um "até a próxima" cheio de vontade e incontinuidade, mas também não era um curto e grosso "tchau". Tinha cheiro, tinha sensação, tinha presença. Dizem por aí que "se cuida" nunca significa o que diz...

 Não seremos mais os mesmos no reencontro e evito pensar no quanto pode acontecer nesse meio tempo - novos lugares, novas pessoas, novos sentimentos, novas influências -, mas basta que ele me faça sentir tudo que somos juntos. Ele não me deixou, deixou o lugar... mas algo por dentro inverte a razão para: não deixou o lugar, ele me deixou no lugar.

E via suas costas, depois o barulho do carro, o carro já dobrava a esquina...

Ali, naquele momento, me despedia de tudo, grande parte de mim, só não da dor que agora acamparia aqui e caberia a mim protegê-la com cuidado e aparente satisfação.





O SORTEIO CONTINUA CORRENDO...

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