A gente sabe



"A gente sabe" que essa é uma questão que começar com temporalidade - herdando a problemática do deus tempo que só podem se auto explicar -, e termina com saber - que recorda alguma certeza, aquela que a gente nunca há de ter...

A gente sabe quão lindo e impossível é a simplificação de um momento exato para definir a descoberta "da" pessoa.

A gente sabe o tanto de magia que tem o desejo de querer compartilhar com ela o resto dos dias, dos momentos vividos, sem parecer precipitado, ou forçado, ou... são só sintomas:

A gente sabe que é essa pessoa quando ela vem no pensamento antes de você marcar um livro próprio com um comentário que possivelmente ele poderá ler, um dia, quando requisitar aquele livro na estante...

A gente sabe que é essa a pessoa quando ela desperta involuntária e espontaneamente a vontade de ouvir escutando, de conhecer, descobrir, definir, coisas além das questionáveis e fúteis características e fatos de ser humano.

A gente sabe que é essa pessoa quando os detalhes que podiam ser preliminares na seleção do par, como ódio por barba em especial no estágio "por-fazer" se tornam um detalhe acrescentado à relação...

A gente sabe que é essa pessoa quando o presente não parece suficiente e incontáveis são as vezes em que ultrapassamos diariamente a linha do futuro, em sonhos.

A gente sabe que é essa pessoa quando a saudade é mais forte, a vontade de compartilhar bobagenzinhas grita alto, o desejo assalta e inconscientiza.

A gente sabe que é essa pessoa quando a sensação de todo encontro é inenarrável, inexplicável.

A gente sabe que é essa pessoa quando não fica se perguntando se ela sente a mesma coisa que você...

A gente sabe que é essa pessoa quando alguma coisa dentro da gente cria uma barreira incapaz de se atrair a outros corpos, outros beijos, outros desejos.

A gente sabe que é essa pessoa quando algo que a entristece te afeta, quando algo que a cala te incomoda, algo que a afasta te enlouquece.

A gente sabe que é essa pessoa quando ela te dá espaço para ser você mesmo e mesmo assim você é dois.

A gente simplesmente sabe, no clichê sem-quê-nem-pra-quê, sem ser necessário entender.

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