Esquecer



Muita gente diz que é preciso esquecer para seguir adiante. Simples né? esquecer! Tática de sobrevivência.

Sem querer ser aquela e sempre transgressora... mas como é isso de "esquecer", minha gente? Como é na prática essa ilusão de uma doença grave que afeta o cérebro, a amnésia,  para tapear o coração, afim de não enfrentar a realidade?

Esquecemos besteirinhas diariamente, mas são besteirinhas, entende? Como é que se esquece história?

Não esquecemos da infância embora nos contrariemos com algumas lembranças. Não esquecemos adolescência embora por muitas vezes não nos reconheçamos em quem fomos. Não esquecemos desaforos engolidos em nome da convivência embora destinemos perdão. Não esquecemos tudo que, por medo da solidão, chamamos de apego. Assim como não se esquece o primeiro beijo ou encontro, não se esquece nenhuma traição, maus-tratos, mentira, indiferença... não se esquece o voto de confiança (até político), mesmo que tentemos nos convencer que a frustração era esperada.

Pessoas não são besteirinhas!

Não nos esquecemos, sabe? Contornamos, superamos, relevamos, sustentamos. Fingindo que esquecemos, nos deixamos. Deixamos sonhos, desejos, ideais, crenças... exercemos uma espécie de auto enganação cômoda.

Não se esquece por desejo, nem em nome dos traumas que sustenta consultórios psicológicos. O dito esquecimento é conformação, adaptação ao que não se quer e nem nos representa; é aceitar a insatisfação. É preguiça, covardia, estagnação. É improvisar alternativas ou abandoná-las todas em nome do em frente, do além, das grandes interrogações...

Eu não esqueço de nada! Agradeço o dom da memória, tudo que é minha história... se sigo em frente, é levando cada fragmento que sou eu também, que doa e faça mal, mas é o que me completa, embora não agora. Esquecer amor, meu bem, é uma péssima estória. E pior, te fada a repetir novamente na tentativa de que alguma vez a coisa vigore.

Laís Sousa

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