A falta que os rótulos não fazem
Dia desses fui acompanhada a um casamento e foi um tal de ouvir "ele é o que teu?" que por pouco não saí de lá casada também. Sério, nem me atrevi a concorrer ao bouquet que certamente ele me atingiria por obrigação.
Apresentar
alguém pelo nome continua não valendo nada em nossa sociedade. As pessoas
esperam definições, esperam profundidade. Mas se não é "namoro" é
amizade? Então é ficar né?! E o que é isso mesmo? Está em que estágio da regra
que rege o amor esse tal de casal? Se não tem um "meu" na frente não
deve ser amor... E é nessa que tanta gente se passa.
Não
custa nada lembrar que nada é definitivo, mas esta lembrança vale mais que um
rótulo. Ainda que ter uma relação muito bem definida seja o desejo, foco e
intuito, deve ser para dois, mas talvez, isso nem tenha tanta importância
assim...
Mas
custa um rótulo? Para orientar, vale dizer que um rótulo pode, inclusive, não
ter relevância. Mas talvez desfaça a essência, desconstrua a individualidade,
vire uma obrigação. Não tem que ter rótulos para oficializar, ser sério ou
correto. Tem que ter vontade de estar junto e fazer bem!
O
aparente costuma confortar mais que o essencial. "Não basta ser um casal,
tem que parecer..." - parecer não, tem que assumir, que definir, que
decretar posse. Mas até quando, meu Deus!?
Quantas
relações vão precisar ser frustradas, desfeitas e dúbias? Quantos amores
instantâneos vão precisar ser digeridos para que a sociedade reavalie seus
conceitos e anseios, suas crenças e conceitos? Meu amor, traição pode ser um
lance, romance pode ser um livro e pra você pode restar o pente! Um rótulo não
tem nem um milésimo da importância do que a realidade trás.
É
um paradoxo, eles disseram. Só para chamar atenção, julgaram. Então não amam,
se preocuparam... não é normal, amém! Enquanto isso, seguimos cumprindo a única
missão de genuinamente comemorar uma união e se divertir no casamento
alheio.
Maioria
das pessoas deixam de curtir o momento, se envolvem nas pressões e impressões,
querem amarras, querem certezas. Naquele casamento não, na vida! Mas tem coisa
mais incerta que o ser humano, minha gente?
Se você me disser o que você sentirá daqui há 5 anos talvez não leve em
consideração o significado que tem quem te acompanha agora. São apenas projetos
e projeções.
'Se
você casar com ele eu irei ao casamento', ouvi de uma. Outra me confessou
coceira no útero mista com a ansiedade de ter alguém e casar também - sorte na
peruca miga! Alguém me disse que se ele me acompanhava a um casamento é porque
queria algo, no mínimo, sério - não sabe de nada inocente... Não estávamos ali
para nos responsabilizar por nenhuma fantasia de enlace realizado sem
consentimento, rs.
"Quando
me apresentou pelo nome fiquei sem saber o que era". Uai, era gente! Era
ele. Era homem. Estava acompanhando. Quando apresentei, quis conhecê-lo? Talvez
mais importava "o que era meu". Mas era presença. É amizade,
sentimento, parceria e intimidade. É gente boa e as vezes engraçado. É um porre
com fome e gosta de dançar forró. É, mesmo sem mim, sobretudo pela liberdade de
ir e vir.
Pouco
tempo depois voltei sozinha ao mesmo ciclo. Já ouvi cobrança, acreditem... Cadê
ele? Tem a família dele, eu disse. O que está fazendo agora? O que tiver
vontade, eu disse. Com quem? com quem ele quiser, eu disse. E quer saber?! Eu
estive livre para ir, sem amarras, sem peso de consciência, por estrema
escolha, com vontade e nenhumazinha satisfação a dar. Tive vontade de contar,
conversar e de voltar. Experimenta, você vai gostar!
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